domingo, 24 de fevereiro de 2008

Dráuzio Varella

Sempre achei o Dr. Dráuzio Varella meio chatão... não sei, mas tinha alguma coisa que me irritava nele... não sei se era a voz, ou a gravata, ou o papo mesmo... só sei que sempre que ele aparecia no Fantástico, eu mudava de canal.
Mas olha que esse cara escreveu em sua crônica deste domingo tudo que eu gostaria de dizer, e muito bem... aliás, de uma sinceridade espantosa.
Ele fala da guerra urbana no Rio de Janeiro (nestes termos mesmo) e que na Palestina ocupada há mais dias tranqüilos do que por lá...
Fala da legião de adolescentes abusados e negligenciados na primeira infância, que atravessaram a puberdade sem disciplina nem valores morais, convivendo com a violência e escolas precárias e diz: “Manter milhões de crianças nesta situação é zombar do perigo”.
E foi mais além: “que é preciso parar de fingir que é possível ter policiais empenhados com o salário que ganham” e fala da corrupção, da lavagem de dinheiro e da teia formada por advogados, políticos e autoridades judiciárias subornadas...
E chega no planejamento familiar, no exército de mal afortunados que estarão sujeitos a serem soldados do crime organizado.
Muito bem Varella, que sua coragem contagie a todos. Não podemos nos calar e deixar que tudo isto se torne banal e aceitável. Não podemos nos conformar. Onde o Estado não está presente, o crime se instala.
Essa balela de crescimento econômico, com a sociedade do jeito que está é uma afronta, uma vergonha, um absurdo.
Estão esquecendo do ser humano, aliás, sempre esqueceram...
Tratam as pessoas, as famílias, como carne, como gado...
Enquanto não tiverem a coragem de colocar a mão inteira na ferida para curá-la (e não apenas ficar só cutucando ela) e de chutar a cumbuca melada dos que se lambuzam do poder, não dá para ter coragem de levantar o rosto e olhar nos olhos do povo brasileiro.
Desculpem começar a semana deste jeito, mas não dá para aguentar mais tudo isso que está aí... precisamos nos mexer.

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