quarta-feira, 8 de outubro de 2008

SAMBECO Cap. II – (por Mesquitinha)

Com a minha EQUIPE do primeiro e com o ímpeto juvenil fui à busca do prejuízo embora alertado pelo meu pai que desta vez não teria arrego.
Quanto ao primeiro SAMBECO esqueci que a iluminação foi do Orion, baluarte do Teatro de Arena que na época fervilhava como o mais Teatro politicamente corretíssimo. Malaco velho, como viu um pé direito do cinema inatingível ocupou os melhores lugares das fileiras da frente colocando os spots iluminando de baixo para cima e projetou as sombras dos músicos na tela deixando o procênio, o espaço do cantor, para o canhão, ficou lindo. Outro detalhe, o nome maravilhoso SAMBECOc riado pelo Batan, era o samba da Faculdade de Economia de Santos da Católica cujo presidente do Centro Acadêmico, o mineiro Mozart, tinha dado ordem para usar e eu queria as benesses de não pagar imposto municipal e Sbat dos direitos autorais dos compositores o que representaria um terço da receita bruta. Esquematizei três atos, o primeiro com a principal atração daqueles dias BadenP owel com quem passei uma madrugada na boate do antigo Parque Balneário duas semanas antes explicando e bebendo o que seria o evento e ele profetizou :
- Você já viu um jovem nos Festivais da PUC, Arena Estudantil, e USP chamado Chico Buarque de Holanda ?
Respondi:
- Já, um que só canta Pedro Pedreiro? E ele arrematou:
- Pois bem, vai ser o maior ídolo da MPM Brasileira...
E eu achando que ele estava bêbado, dei o fora...
A segunda atração Tamba Trio e Edu Lobo que estavam fazendo o maior sucesso na Boate ZUM ZUM no Rio e sendo segunda feira poderiam participar.
Tenho de contar que esse show nessa boate tinha a participação do Quinteto de Sopros Villa Lobos que eu queria e não tinha verba e da Nana Caymi recém desquitada de um peruano e que tinha voltado para o Rio a fim de cantar com absoluta proibição do pai que não queria vê-la no mundão ou mundano mundo artístico.
Dagmar me ligou de um orelhão da Praça Lido dizendo ela queria ir de qualquer jeito bastando pagar a passagem e hotel e eu que sou hoje presidente numero um do seu fã clube respondi sem conhecê-la: ela é cantora por causa do sobrenome, não quero...
Percebe-se assim, como no caso do Chico Buarque, que não nasci para empresário...
O show do Tamba foi memorável. Um solo do Ohana baterista que substitui o Helcio Milito colocou o Cine Iporanga de pé, cinema que os Freixo via Corte Real me cobraram um absurdo e por visão e com apoio do Sizenando Teixeira e Leoncinho Rezende dividimos como teatro de lugar numerado, lado ímpar à esquerda, par à direita com preços diferentes para a primeira metade da platéia, a segunda, e o balcão.
Antes de contar o terceiro e melhor ato, informo que para esse segundo acrescentei um texto para o apresentador tipo Blota Jr feito por um jornalista da Tribuna com coluna de MPM, João Magalhães fã como eu de Ezequiel Silva, e o apresentador de smoking foi Peirão de Castro cujo nome Carlos Eduardo por ser nosso vizinho na rua Paraguai inspirou aos meus pais que eu fosse seu xará. O grande terceiro ato foi Wilson Simonal que pela primeira vez se apresentou no Estado de São Paulo. Dagmar o esperou em Congonhas com o pianista Cido e ao chegar à tarde em Santos pedi ao meu irmão que o encaminhasse à boate do Parque Balneário onde no fim de semana o Trio Sambrasa tinha acompanhado Ciro Monteiro e Baden, o pianista desse trio era o Coalhada (Hermeto Pascoal ) o baixo e o baterista eram o Cleber e Airto Moreira que assim como os meus amigos China e Miro começou num bordel da Laura do La Licorne em Londrina, pois bem esse contrabaixista e baterista que depois formaram o Cesar Camargo Mariano Trio escudeiro na época de ouro do Simona tocaram com o Cido, mas como nunca tinham visto a fera foram comandados por ele que em duas horas passou com partituras os arranjos swingando as batidas e solfejando bocalmente como fazia o Grijó o que deveria ser. Meu imão fala até hoje que esse ensaio foi o maior show que já viu, e recentemente o Miéle declarou que ele e o Bôscoli (meu ídolo) deveriam ter cobrado os ensaios desse Pilantra no Bêco. Sim a grana embora colocada a linha dura na portaria tanto é que o Peri Ribeiro foi barrado sem ingresso e eu tive de interferir à pedido do meu pai artístico Cabral Jr., que o Jorginho grande sambista e compositor santista quando apareceu cobrando 10% do Sbat quase tomou uma surra do Sidney e amaciou, seria outro grande prejuízo senão fosse o Marcos Lázaro e o Manoel Carlos terem colocado ( Graças à Deus ) o Baden que sempre abria para fechar o já existente ( 1966 ) Fino da Bossa pois a estratégia era de liquidar todos os Festivais Estudantis que eram aos milhares e sempre também às segundas feira, meu pai ia ser o grand finale, acontece que o Baden chegou na ultima musica do Simonal reconhecendo que não dava mais , pediu desculpas, ficou contente em não se falar em multa, e nós ainda mais porque o público estava feliz e esgotado e sem o seu cachê pagamos tudo e saímos zerado para comer um sanduíche no Almeida

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