Ontem fui ver meus amigos do futebol... É, já joguei futebol..., pelo menos tentava..., ia até lá... por 27 anos mantive a mesma rotina, todos os sábados à tarde: futebol no Náutico (Praia Clube). O final de semana girava em torno do futebol:
Vamos sair? Depois do futebol.
Vamos comprar alguma coisa? Antes do futebol.
Vamos almoçar? Cedo, porque tenho futebol.
E o casamento da prima? Não vai dar para ir. Como é que ela marca um casamento bem na hora do futebol?
Mas o que mais me prendeu ao Náutico, acredito não ter sido apenas o futebol. Foi principalmente as pessoas que freqüentavam este futebol. Quando entrei no Náutico ele estava passando por uma profunda mudança. A liga de futebol de praia estava sendo extinta porque os campeonatos sempre acabavam em pancadaria, culminando com um tiroteio em plena praia. Então os times passaram a funcionar como clubes independentes para recreação. E foi nessa que eu entrei. Todos no Náutico eram mais velhos que eu, (então com 17 anos), uns mais outros menos, mas fazia uma baita diferença para mim. Jogar com estes craques de bola era um sonho. Quanta habilidade, quanta segurança, que classe, eram realmente meus super-heróis... E o que meus super-heróis faziam depois do futebol? Iam tomar cerveja no boteco... e lá ia eu também... o "iniciado".
Nessa época pipocamos em alguns botecos até que chegamos ao nosso preferido por anos, onde muita gente boa se juntou e onde muitas grandes amizades se firmaram. Era a mercearia do seu Manolo, onde hoje é o "Armazém 29", ali na Pindorama. Nosso barman: o Maresias, hoje dono do “Embalos”, ali do lado do Heinz. Muitas histórias saíram dali e davam para escrever um livro, mas o que mais me marcou era exatamente este ponto de encontro, a mercearia do seu Manolo, também conhecida como o bar do Maresias. Lá eu conheci (e me fiz conhecer) muita gente interessante, não apenas os amigos do futebol, mas os amigos e amigas dos amigos e mais os poetas, os filósofos, os ETs e até os graúdos da cidade... Esta simbiose de balcão era única.
Cerveja, batidinha de amendoin, tremossos e porção de mortadela com limão. E muita risada. De lá se marcavam as festas, os churrascos, as noitadas... os sambas, os enredos e as batucadas na velha (e naquele tempo nova) União Imperial. Era a burguesia caindo no samba...
As namoradas tinham até o telefone do bar. Até o dia em que alguém arrancou o telefone da parede e gritou lá de denro...
- Liberdade!!! Aquela p... não vai encher mais o meu saco, VAMOS BEBER... e lá se foi o telefone para nunca mais...
Acabava a noite com a porta arreada, o Maresia recolhendo tudo e a gente cantando em cima do balcão ... É, acho que não se fazem mais bares e nem amigos como antigamente...
Um comentário:
Fala Denari, aqui é o Golzi. Recebi seu email e fui dar uma lida no blog, muito legal...aprovetei pra ler os mais antigos e matar a suadade da terrinha com as fotos do Victhola. Bom, estou morando na Cidade do Mexico e vou visitar a cidade no final do ano, manda um abraco a todos.
Golzi
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